[Post originalmente publicado dia 18 de Julho de 2013 no finado blog Didio Bacharel]
Quando cheguei na Índia fiquei curioso ao ver umas barraquinhas no caminho do trabalho. Os primeiros indianos que conheci avisaram para tomar cuidado e não comer nesses locais.
Achei exagero. Se alguém come nelas, eu também posso. E na primeira semana parei em um desses restaurantes para apreciar as iguarias indianas.
Não pensei duas vezes e pedi a especialidade da casa, o Pani Puri. Uma espécie de bolinho formado por uma casquinha preenchida manualmente por um simpático tiozinho com uma espécie de sopa. Comi seis bolinhos e fui para alimentado para o trabalho.
No mesmo dia algo surpreendente aconteceu. Enquanto conversava com minha chefe, dores estranhas começaram a torcer e centrifugar o estômago.
Os cinco dias seguintes foram inesquecíveis e deixaram marcas permanentes no intestino e na memória. Ficou claro que o público desses estabelecimentos são pessoas que procuram perder peso rapidamente. Prometi não voltar.
Mas o juramento teve a mesma validade de outras promessas para parar de beber após formaturas regadas a red, black e outras cores esquecidas com as lembranças da noite.
E mês seguinte parei na mesma barraca com a confiança de um toureiro que já havia derrotado touro anteriormente. Pedi meia duzia de bolinhos e esperei a chifrada no final do dia.
O resultado dessa vez foi levemente diferente. Sim, teve diarréia, soro e trono! Mas dessa vez o rally durou apenas 3 dias porque o jipe dos anticorpos estava equipado com um novo sistema de GPS na busca das bactérias nessa corrida cheia de lama e barro.
E chegou o terceiro mês, me aventurei novamente no ritual masoquista dos bolinhos e segui para o trabalho.
Durante o expediente, enquanto aguardava a dor de barriga, comecei a ler o jornal. A Coréia do Norte testava armas e os EUA fazia manobras com porta aviões no Oceano Pacífico. E no meio das manobras americanas meu intestino enviou sinais de que o Pani Puri já tinha sido digerido.
Caminhei para o banheiro pensando em como seria a terceira guerra mundial. Imaginei as ofensivas americanas, o contra-ataque coreano e como a Europa poderia se dividir. Saí do banheiro imaginando o mundo devastado por bombas nucleares.
Foi quando voltei pra minha realidade. Dessa vez não tive diarréia! A imunidade aumentou. Meu corpo está forte, invencível.
Tenho certeza que se acontecer uma guerra nuclear mundial, só sobreviverão as baratas e quem conquistou imunidade comendo Pani Puri naquela barraca.